Editorial

Pioneira novamente, 86 anos depois

O anúncio feito ontem em Rio Grande pelo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, de que a estatal está investindo R$ 45 milhões no processo de transformação da Refinaria Riograndense em uma biorrefinaria é mais do que uma ótima notícia para o Município e toda Zona Sul. Traz sinal positivo e cheio de simbolismos de que os ventos que até pouco tempo atrás eram tempestade, podem agora estar virando e carregando época mais próspera.

Inaugurada em 1937 como marco da política industrial voltada à produção de combustíveis e geração de riqueza no País, a então Ipiranga S/A - Companhia Brasileira de Petróleo foi a pioneira no refino de petróleo, sinalizando o início de um processo que, além de estratégico para o Brasil, impulsionou o desenvolvimento de Rio Grande e região. A partir dela, surgiram muitos empregos, arrecadação de tributos essenciais até hoje aos cofres da cidade e, ainda, a consolidação da infraestrutura e da logística que também são trunfos da Zona Sul.

Agora, quase 86 anos anos, a Refinaria Riograndense coloca-se, novamente, como inovadora para a indústria. Confirmado o aporte da Petrobras, uma das controladoras da empresa junto com a Braskem e o grupo Ultra, a estrutura começará sua transição para ser a primeira biorrefinaria nacional. Ou seja, passará a produzir, já em 2024, biocombustíveis e insumos para a indústria petroquímica feitos com base em recursos 100% renováveis, como o óleo de soja refinado. Isso significa que, de Rio Grande, sairá mais do que biodiesel, havendo também produção de itens básicos fundamentais para fabricação de PVC, nylon e borracha sintética. Materiais cada vez mais necessários no dia a dia.

O novo pioneirismo a partir de Rio Grande é um símbolo. Sobretudo de que está havendo atenção do Brasil à necessidade de mudar sua matriz energética o quanto antes. Se nos anos 30 o petróleo era o combustível do desenvolvimento, hoje está suficientemente claro que o uso de combustíveis fósseis precisa ser substituído rapidamente, sendo esta mudança o caminho para o crescimento econômico sustentável. Investir nisso é estar pronto para o futuro que está batendo em uma porta cuja passagem logo se fechará àqueles mais demorados na transição. A demanda do mercado já existe e é crescente. Logo, o potencial do Brasil – e de Rio Grande e região – não pode ser desperdiçado.

Nos próximos meses, serão executados os primeiros testes de biorrefino e, confirmando-se o potencial do projeto, os investimentos na Refinaria Riograndense podem chegar a R$ 3,5 bilhões em cinco anos. Essa nova realidade, acrescida do otimismo de que o Polo Naval pode ser retomado gradualmente, renovam esperanças de todos os gaúchos. Principalmente daqueles da Zona Sul, que vivem há quase uma década sob a tempestade do desmonte da indústria naval brasileira. Que os ventos mudem, de fato, e tragam a bonança tão aguardada.

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